segunda-feira, 15 de junho de 2020

O ponto G


(...)Ah, o ponto G, esse paraíso secreto 
que leva os homens a explorações minuciosas.
Tanto trabalho por nada.
Não temos um ponto G, mas dois,
um em cada lateral da cabeça, 
e não é preciso tirar nossa roupa
para nos deixar em êxtase.
Falem, rapazes. 
Digam tudo o que sentem por nós, 
assim, assim... assim.
Concordo com a autora de A casa dos espíritos:
o melhor afrodisíaco é a declaração de amor. 
Não aquelas mecânicas, faladas no piloto automático,
mas as verdadeiras, sentidas, 
aquelas que os homens imaginam 
que basta serem ditas com o olhar e com as mãos,
mas que fazemos questão de escutar, também com a voz.
“Como eu gosto de estar com você, como você é linda, 
esqueço do tempo ao seu lado, que horas são? Já? 
Que me esperem, não consigo desgrudar de você, amor.” 
Caetano Veloso vendeu um milhão de cópias
do seu último disco
e tenho certeza que não foi por causa de
“vou me embora, vou me embora, prenda minha...” 
e sim “por que você me deixa tão solto, 
por que você não cola em mim?”
As feministas mais ortodoxas deve estar bufando. 
Tanta coisa pra se exigir de um homem: 
mais espaço na política, mais ajuda em casa,
salários iguais e nada de gracinhas no escritório,
e vem essa daí clamar palavras! 
Pois essa daqui acha tão interessante
a ideia de igualdade entre os sexos 
que adoraria vê-los soltar o verbo como nós fazemos,
expressar os sentimentos sem medo de ser piegas,
afirmar e reafirmar diariamente 
como a gente é importante para eles 
e que saudades estavam do perfume do nosso cabelo.
Clichês em último grau, reconheço,
mas quem quer ser moderna nessa hora? 
Tudo o que se reivindica
é o desbloqueio emocional masculino.
Nossos hormônios saberão como agradecer.

Martha Medeiros

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