Você não faz mais questão de ter razão.
Você já não quer mais convencer ninguém de nada,
nem provar que seu ponto de vista
ou suas escolhas são mais coerentes e sensatas.
Depois de algum tempo você conquista
uma grande certeza acerca de sua grandeza,
e isso lhe dá paz, lhe dá segurança,
lhe assegura que está no lugar certo, com pessoas especiais.
Depois de algum tempo, você aprende a se respeitar.
A respeitar a imagem que vê refletida no espelho,
a tolerar as imperfeições que começam a surgir,
a transformar as singularidades do seu corpo
em características charmosas.
Você aprende a respeitar a necessidade de ficar sozinho,
de não ser perfeito o tempo todo,
de chutar o balde de vez em quando.
Você descobre o que é da sua natureza,
do seu feitio, do seu agrado.
E consegue lidar bem com isso,
sem a necessidade de se justificar por ser quem é.
Depois de algum tempo,
você entende que precisa se agradar em primeiro lugar.
Entende que só quem está bem consigo mesmo
consegue dar o melhor de si,
e por isso não se culpa quando impõe limites,
quando não aceita aquele convite,
quando diz “não” àquela solicitação.
Depois de algum tempo, você faz as malas com facilidade.
Tem mais apego às vivências e memórias
do que às roupas penduradas no closet
e entende que a felicidade não se planeja, se vive.
Aprendeu que pode chover na praia
ou fazer dias de calor intenso no inverno
e por isso aceita a mudança de planos
com jogo de cintura e bom humor,
do mesmo modo que já não sofre mais
quando algo não sai conforme o combinado.
Sabe que a vida é feita de banhos de chuva e imprevistos,
e que é sinal de sabedoria tolerar
o que não dá para transformar.
Depois de algum tempo, você descobre seu valor.
Descobre que por trás da sua maluquice,
esquisitice e contradição, há alguém
que já não pode mais autorizar
ser classificada pela fachada.
Alguém que amadureceu e fez pactos com o amor-próprio,
com a superação dos traumas e decepções,
com a cura das mágoas e aflições.
Depois de algum tempo, você só quer
um relacionamento sério com a sua paz.
Já não se esforça tanto por amizades sem reciprocidade,
e não sofre em demasia por aqueles que não querem
seguir a estrada ao seu lado.
Não força chaves em fechaduras erradas
nem tenta calçar sapatos que não lhe servem mais.
Aprende a se preservar,
a não abrir seu coração para qualquer um,
a não dar ouvidos para julgamentos superficiais.
Tem convicção de tudo que é capaz, e, acima de tudo,
põe pontos finais em tudo o que tira a sua paz…
Fabíola Simões
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