Deixo doer até a última gota de água salgada.
Depois ela se vai.
A dor não quer outra coisa
que não seja exercer sua função: doer.
E não é banalizando,
embotando as emoções
que ela vai deixar de surgir de tempos em tempos.
Não sei como dói em você,
mas por saber como dói a minha dor
eu tento imaginar a sua:
de tão abstrata incomoda fisicamente
porque se humaniza em nós.
E nos humaniza.
Deixe doer o que for honesto.
Deixe alagar seus olhos de chuva,
escorrer pelo seu rosto e traçar caminhos sinuosos
ou retas perfeitas como fazem os rios.
[...]
A dor quer que você adquira sabedoria
experimentando a totalidade.
Marla de Queiroz
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