segunda-feira, 18 de junho de 2018

Quando dói em mim, eu deixo.


Deixo doer até a última gota de água salgada.
 Depois ela se vai. 
A dor não quer outra coisa 
que não seja exercer sua função: doer. 
E não é banalizando, 
embotando as emoções 
que ela vai deixar de surgir de tempos em tempos.
 Não sei como dói em você,
 mas por saber como dói a minha dor 
eu tento imaginar a sua: 
de tão abstrata incomoda fisicamente 
porque se humaniza em nós.
 E nos humaniza. 
Deixe doer o que for honesto.
 Deixe alagar seus olhos de chuva, 
escorrer pelo seu rosto e traçar caminhos sinuosos 
ou retas perfeitas como fazem os rios. 
[...]
 A dor quer que você adquira sabedoria 
experimentando a totalidade.

Marla de Queiroz

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